Message of Solidarity with the Brazilian People
With sorrow and indignation, we, the editors and
collaborators of the journal Latin American Perspectives (University of
California, Riverside) learned of the murder of councilwoman Marielle Franco,
of the Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) of Brazil, on the night of March
14, in downtown Rio de Janeiro. In 2016, Marielle Franco was the fifth largest
vote recipient in the city, obtaining 46,000 votes.
A few days before her murder, Marielle Franco was appointed
rapporteur of the Parliamentary Commission to monitor the military intervention
that since February 16 has prevailed over public security in the state of Rio.
On February 28, the councilwoman published on her Facebook profile: "We
take a stand and are against this intervention. It is a farce, with electoral
objectives. We will occupy this space fulfilling our oversight role, as a
municipal legislator. " One day before she was murdered, she protested on
her Twitter account, "How many more must die for this war to end?"
The military intervention in Rio de Janeiro was the toughest measure of Michel
Temer's government in the election year of 2018.
Born poor and black in the Maré Favela, Marielle broke
several barriers to study Social Sciences at the Pontifical Catholic University
of Rio de Janeiro. In 2014, she received her Master's degree in Administration
at the Universidade Federal Fluminense (UFF), where she criticized the Units of
Police Pacification (UPP) and a public security policy that was unable to
reduce murders and violence. Marielle worked for ten years with state deputy
Marcelo Freixo (PSOL-RJ), a Brazilian leftist politician who became world-famous
when he was depicted as a character in the film Tropa de Elite (by José
Padilha), as a human rights activist against "militias" (gangs of
corrupt police officers who act violently in their territories with electoral
purposes).
Marielle Franco was active in feminist and LGBT causes, in
the struggle against police violence, in combating the genocide of black youth
and in defending social equality. She used her office as a tribune on behalf of
the oppressed sectors of the Brazilian society. Recognized for genuine
leadership, the councilwoman daily denounced the abuses of military power. The
crime of which she was the victim has all the characteristics of an execution.
Her murder further weakens the credibility of the current
Brazilian government. Latin American
Perspectives shares the concerns of the United Nations, Amnesty
International, and Human Rights Watch in favor of independent investigation of
the case and joins the outcry of the population that has massively demonstrated
in the streets of the major cities of the country in search of justice. So that
the history of impunity reported by the National Commission of the Truth of
Brazil is not repeated, we offer our solidarity.
Riverside, March 16, 2018.
[NOTA DE SOLIDARIEDADE AO POVO BRASILEIRO]
Com pesar e
indignação, nós, editores e colaboradores da Latin American Perspective (Universidade da Califórnia, Riverside),
recebemos a notícia do assassinato da vereadora Marielle Franco, do Partido
Socialismo e Liberdade (PSOL) do Brasil, na noite de 14 de março, no centro do Rio
de Janeiro. Em 2016, Marielle Franco foi a 5ª vereadora mais votada da cidade, obtendo
46 mil votos.
Poucos dias
antes do seu assassinato, Marielle Franco foi indicada para compor a Comissão
Parlamentar destinada a fiscalizar a Intervenção Militar que desde o dia 16 de
fevereiro exerce o monopólio da segurança pública no estado do Rio. No dia 28
de fevereiro, a vereadora publicou no seu perfil do Facebook: “Nós temos lado e
somos contra essa intervenção. Ela é uma farsa, com objetivos eleitoreiros.
Vamos ocupar esse espaço cumprindo o nosso papel de fiscalização, enquanto
legisladora municipal”. Um dia antes de ser assassinada, protestou na sua conta
do Twitter: “quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?”. A
intervenção militar no Rio de Janeiro foi a mais dura medida do governo de
Michel Temer no ano eleitoral de 2018.
Nascida na Favela
da Maré, negra e de origem pobre, Marielle rompeu diversas barreiras para
cursar Ciências Sociais na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Em 2014, ela concluiu sua dissertação de mestrado em Administração na
Universidade Federal Fluminense (UFF), na qual criticou as Unidades de Polícia
Pacificadora (UPP), política de segurança pública que não foi capaz de reduzir
os assassinatos e a violência. Marielle trabalhou durante dez anos junto ao deputado
estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ), político da esquerda brasileira que se
tornou mundialmente conhecido ao ser representado como personagem no filme Tropa de Elite (de José Padilha), como
um ativista de direitos humanos contra as “milícias” (gangues de policiais
corruptos que atuam violentamente em territórios com fins eleitorais).
Marielle Franco
era engajada nas causas feministas e LGBT, na luta contra a violência policial,
no combate ao genocídio da juventude negra e na defesa de igualdade social. Fez
de seu mandato uma tribuna dos setores oprimidos da sociedade brasileira. Liderança
reconhecida e genuína, a vereadora denunciava cotidianamente os abusos do poder
militar. O crime do qual foi vítima guarda todas as características de uma
execução.
Seu
assassinato debilita ainda mais a credibilidade do atual governo brasileiro. A Latin American Perspective se soma às
preocupações da ONU, da Anistia Internacional e da Human Rights Watch em favor de
investigações isentas do caso, bem como ao clamor da população, que se
manifestou massivamente nas ruas das principais cidades do país em busca de
justiça. Para que a história de impunidades relatada pela Comissão Nacional da
Verdade do Brasil não se repita, prestamos toda nossa solidariedade.
Riverside,
Março de 2018.
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